Capítulos

O resumo abaixo é apenas um guia. Ele não revela fatos importantes nem se aprofunda na história.



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PARTE I
IMPRESSÕES TURVAS

CAPÍTULO 1
Sob o espectro da loucura
(2000/2011)
e
CAPÍTULO 2
O regresso de Ana
(Natal de 1993)

Em 2011, Caio Rigotti chega à mística cidade de Três Luzes em busca da mãe, Ana, desaparecida há quase doze anos.

Em 2000, Carlos Rigotti é encontrado frio, imóvel e com os pulsos cortados em sua cela.

No Natal de 1993, a forasteira Ana leva um bebê à festa do afamado médico Nestor Rigotti e acusa Carlos de ser o pai, sepultando seu apaixonado romance com Cris. O rapaz tenta entregar uma poesia à namorada, mas seu esforço é em vão.

Que verdades além do óbvio uniriam esses três momentos afastados no tempo, onde três homens, de três gerações da família Rigotti, experimentam situações-limite pela influência de uma mesma mulher?

TRECHO:
Aprendi desde cedo como é triste o destino dos escravos das paixões. Em meu passado, eu os vi causar sucessivas tragédias. A avidez que têm por sentir transforma seus sonhos em ilusões, que, navegando às cegas, aportam em miragens. Mas miragens são efêmeras e frágeis. Desvanecem gradualmente, logo deixando transparecer o vulto da infelicidade, que confunde, atormenta e, finalmente, enlouquece. Não é difícil perceber que os escravos das paixões são vitimados pelo egoísmo dos próprios desejos.


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CAPÍTULO 3
Desesperança e fuga
(1994)

Carlos e sua mãe, Márcia, viajam para a capital, onde pretende-se verificar a paternidade do filho de Ana. No caminho, Márcia fala da semelhança entre a forasteira e uma professora falecida há quase trinta anos, chamada Marília.

Nestor – que havia partido sozinho na véspera para sondar o laboratório responsável pela análise – desaparece. De volta a Três Luzes, Márcia e Carlos são informados pelo delegado Irineu que o médico está morto, vitimado por um estranho acidente.

TRECHO:
Márcia fica hipnotizada. A aparência e a voz de Ana deflagram um déjà vu, remetendo-a instantaneamente às aulas da professora Marília. O clima tenso causado pela presença da moça na festa de Natal talvez a tenha impedido de notar imediatamente a semelhança entre as duas. Além do mais, Ana, no evento, estava com o cabelo solto e a fala ora agitada, ora embargada. Mas, agora, com os sentidos trabalhando adequadamente e com aquelas alterações eliminadas, Márcia pode perceber e comparar cada detalhe.

– O que foi, mãe? Viu um fantasma?


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CAPÍTULO 4
Fuga e esperança
(1994)

Márcia viola e esconde uma carta endereçada a Carlos, remetida por um tal “Sr. dos Anjos”. Atormentada, inicia um processo de desequilíbrio emocional.

Carlos tenta reaproximar-se de Cris. Ela avisa que passará seis meses na capital, mas lhe dá uma esperança de reconciliação.

TRECHO:
Vivemos sob o princípio da incerteza. Aos nossos olhos, a essência de um ente próximo pode ser apenas vislumbrada. A capacidade de melhor focá-la depende da observação, do bom senso e da inteligência. Todavia, desejos e temores podem fazer-nos ignorar essas qualidades, tão necessárias para aproximar, o quanto possível, uma verdade particular da realidade, cuja luz pode estar encerrada em uma única face da dita incerteza. Assim, estabelecer uma convicção íntima com base na conveniência ou na covardia pode ser o mesmo que optar por uma existência sob a penumbra da ilusão.


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CAPÍTULO 5
O encontro
(1994)

Passados os seis meses, Gertrudes, avó de Cris, diz a Carlos que desta vez sua neta não o perdoará. Engravidar Ana pela segunda vez é indesculpável. Carlos estranha a acusação e nega, mas percebe que sua paixão doentia por Cris deixou-o cego aos últimos episódios ocorridos em sua casa pelas mãos de Márcia. E esses acontecimentos realmente podem incriminá-lo.

Ele deseja explicar-se à ex-namorada e parte para a capital. Lá, conhece a irmã de Cris, Cláudia, cujas lembranças se encaixam às vivências do rapaz em um quebra-cabeça perturbador: Nestor e Motta, padre de Três Luzes, guardariam antigos segredos envolvendo Ana e Marília, evidenciando a cilada da moça contra Carlos.

Cris não dá ouvidos às ilações, repudia Carlos e resolve permanecer na capital.

TRECHO:
Carlos trava. Diante das palavras da ex-professora, toda a alienação acerca do ocorrido nos últimos meses cede lugar à clara compreensão dos fatos. A visão lhe é devolvida tarde demais. Aquela maravilhosa explosão no peito, cruelmente efêmera, migra para suas entranhas e se transmuta em uma escatológica sensação, gelada e angustiante. Seu espírito é puxado violentamente para o vazio e, em uma fração de segundo, desaba novamente no cárcere da desolação, agora com a terrível certeza de que a chave libertadora se encontra perdida.


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CAPÍTULO 6
Luzes e sombras do passado
(1994-1995)

Cláudia muda-se para Três Luzes e passa a apoiar Carlos.

Sob pressão de Márcia, Ana e Carlos prosseguem vivendo em união marital aparente.

Cláudia procura Motta para falar sobre os mistérios envolvendo Ana, Nestor e Marília. A conversa deixa evidente: de um lado, o padre ignora uma importante parte dessa estranha história; de outro, esconde detalhes sobre ela. Cláudia o pressiona a ir à casa dos Rigotti investigar.

Márcia é surpreendida pela aparição de Roberto, um antigo namorado de faculdade, e recebe dele uma proposta para sair de Três Luzes.

Márcia revela seus segredos a Motta, que apoia a partida da viúva da cidade e a convence a revelar suas confidências para Carlos, embora não pretenda revelar as suas próprias. Ana, que já havia ameaçado Cláudia, ouve tudo e avisa que destruirá a vida de Márcia caso ela ou o padre contem algo para alguém.

Cláudia procura novamente Motta para saber sobre a “investigação”. Nervoso, o padre nega o óbvio, deixando a moça certa de suas desconfianças.

TRECHO:
Márcia, sentada no sofá, sente necessitar de um amparo superior, de uma solução transcendente para sua dor. Ao contrário do que imaginou, promover a união de Ana e Carlos só serviu para contristá-la ainda mais. A presença daquela moça, vagando em eterno e ocioso silêncio pelos cômodos, perturba-a, como se um fantasma apavorante a assombrasse dia e noite. O que mais deseja é exorcizá-la para sempre de sua casa, de sua vida. Como sonha em devolvê-la ao inferno, de onde nunca deveria ter saído. Como a odeia!


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CAPÍTULO 7
A carta
(1996)

A partida de Márcia faz Carlos modificar seu comportamento. Enquanto ele desenvolve certo afeto por Caio e Ana, Cláudia persiste no propósito de desmascará-la. Em um plano ousado, descobre a carta escondida por Márcia e declara solucionado o mistério que tanto sonhou resolver. Desesperada, Ana implora uma oportunidade para explicar-se, pois “a verdade nem sempre é exatamente como parece ser”.

TRECHO:
Carlos, ainda sentado, já abstraiu a própria dor e assiste compadecido ao terrível espetáculo de humilhação. Embora considere merecido o momento, ele deseja abraçar e consolar Ana, imersa na inevitável consequência das faltas passadas. Com a alma a sangrar diante dessa indelével realidade, ela aprendeu uma dura lição: é impossível passar a eternidade escondendo-se dos pecados; eles são justos e eficientes cobradores, apesar de às vezes exagerarem nos juros.


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PARTE II
A ALMA DE UMA MULHER

CAPÍTULO 8
A história de Ana – parte I
(santos e pecadores)
(1964-1992)

Neste capítulo, há uma longa viagem por quase três décadas. Inicialmente, conhece-se a vida e a morte de Marília, bem como sua ligação com diversos personagens, percorre-se importantes momentos da trajetória de Nestor durante a infância de Ana, presencia-se a rápida aparição do desconhecido pai da moça…

Na segunda parte do capítulo, Ana – após o falecimento de sua avó, Irene – parte em busca de respostas para o seu passado. E inicia um incrível caminho, repleto de luzes e sombras.

TRECHO:
Hoje, Marília deu entrada na maternidade, acompanhada pelo par de confidentes. Irene, inconformada com o que considera uma licenciosidade, maldiz a criança desde que soube da gravidez. Segundo ela, o bebê já nascerá amaldiçoado por Deus, pois traz gravado em sua alma o terrível, inconfessável e imperdoável pecado praticado pela mãe. Nestor, apaixonado, procura desempenhar aquilo que seria o papel do pai, talvez na esperança de ganhar o amor da ex-professora. No entanto, tal disposição de espírito mostra-se tola, pois são ínfimas as chances de uma mulher feita deixar-se envolver por um garoto de meros dezenove anos.


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CAPÍTULO 9
Sonhos e desejos
(1992/2011)

1992: Ana concebe seu filho, Caio.

2011: na busca por sua mãe, Caio ouve sobre uma das montanhas que cercam Três Luzes, a Colina dos Esquecidos.

TRECHO:
Caio chega à igreja, ainda fechada ao público. Apesar disso, ela exibe uma pequena porta lateral entreaberta, pela qual o jovem recém-chegado à cidade penetra com cautela em seu interior escuro e silencioso. Ele sonda com dificuldade o local aparentemente vazio, enquanto seus olhos procuram adaptar-se à penumbra. Sem nada encontrar de especial, senta-se pensativo no primeiro dos longos bancos enfileirados à esquerda do altar e aguarda o início do sacro expediente. Um pouco cansado da longa caminhada feita a partir de Senador Mariano, ele aproveita a santa calmaria do lugar para relaxar os pensamentos. Após alguns minutos de introspecção, algo de repente o assusta: ao seu lado, uma figura até então despercebida está ajoelhada.


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CAPÍTULO 10
A história de Ana – parte II
(o regresso: um novo prisma)
(1992-1993)

O leitor se depara com os episódios ocorridos nos treze meses que antecederam o encontro natalino promovido pelos Rigotti em 1993. Depois disso, volta à festa (já narrada no Capítulo 2) e revive seus acontecimentos sob um prisma incrivelmente diferente, desta vez sob a ótica de Ana.

TRECHO:
– Caio nos foi dado naquela noite mágica em Três Luzes.

Ele não sabe se está apenas impressionado diante da revelação de uma Ana antes desconhecida ou se a moça realmente passou a expressar-se de forma estranha, arregalando os olhos e falando com um deslumbramento alienado, como se caminhasse na tênue linha que separa o comportamento de alguns sonhadores menos comedidos da esquizofrenia. De qualquer forma, não poderia ter-se esquecido daquela maldita “viagem sideral”, na qual estavam a bordo de uma nave perigosamente desgovernada. Conforme só agora percebeu, o tal passeio pelas estrelas fez com que se espatifasse em um mundo trevoso e ameaçador.


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CAPÍTULO 11
A história de Ana – parte III
(a verdade que escapa)
(1994)

Novamente sob uma ótica bastante diferente e com maior riqueza de detalhes, o leitor revive todo o ocorrido a partir da véspera do dia em que foi realizado o exame de paternidade de Caio, passando a entender os pontos obscuros e a complexidade dessa parte da trama.

O acidente de Nestor é finalmente esclarecido.

A narrativa esmiúça a estranha relação de Márcia e Ana, bem como o nefasto pacto que as une.

TRECHO:
Próximo à entrada do hotel, Nestor vê um mendigo bêbado sentado sobre a calçada. Ele pega todo o dinheiro do bolso, quantia considerável para um miserável de rua, e o coloca dentro da caneca do pobre homem.

– Não faça o que está pensando – balbucia o indigente, de forma quase incompreensível.

– O que você disse? – espanta-se Nestor. – O que você disse? – insiste, diante da ausência de resposta.

– Quem é você? – pergunta o mendigo, aborrecido. – Eu não disse nada. Saia daqui e me deixe em paz.

O coitado mal consegue articular as palavras e Nestor se convence de que realmente não ouviu nada. Ele se vira e prossegue em direção ao hotel.

– Não encha a banheira – profere confusamente o bêbado.

O médico arregala os olhos, volta até o mendigo, agacha-se diante dele e, com as duas mãos, pega-o nervosamente pelo colarinho.

– Quem é você? Por que me disse isso?

– Solte minha camisa, seu maluco! Eu não falei nada. Vá embora ou chamarei alguns amigos para lhe dar uma lição – avisa, enrolando a língua.

Abismado, Nestor se levanta. Como o faz depressa, sente uma leve tontura ao ficar novamente de pé. Com a visão meio ofuscada pelo breve torpor, tem a nítida impressão de ver um vulto feminino em meio à semiescuridão.


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PARTE III
À SOMBRA DO CRISÂNTEMO

CAPÍTULO 12
Curando almas
(1996-1999)

Ana termina de contar sua versão sobre o que revela a carta escondida por Márcia. Apesar da incredulidade e do inconformismo de Cláudia, Carlos se convence da inocência da moça.

Residindo na capital e já casada com Roberto, Márcia descobre, na faculdade em que passou a trabalhar, uma foto de 1963 que a deixa perturbada. Nela, vê-se a imagem de um subreitor chamado Alberto. Aturdida, a viúva de Nestor fala de seu passado, de Marília e, por fim, revela seus segredos a Roberto. Ele a aconselha a contar tudo para Carlos.

Ana e Carlos encontram dificuldades para marcar seu casamento devido às esquivas de Motta. Cláudia está certa de que o padre carrega um terrível segredo envolvendo Ana e Nestor.

Ana é considerada a salvadora de Gertrudes, uma amada personalidade triluziana, e acaba finalmente conquistando a confiança e a amizade de Cláudia.

TRECHO:
Cláudia não apreciou a novidade, pois ainda nutre certa desconfiança em relação a Ana. Ela foi bastante convincente ao narrar a história de sua vida e angariou imensa credibilidade com o resultado positivo do último teste genético. Contudo, a neta mais nova de dona Gertrudes não consegue esquecer as estranhas reações manifestadas por padre Motta durante os encontros em que falaram sobre a moça. E, mesmo se mostrando muito feliz com a atual fase dos Rigotti, a cautela do pároco em relação à companheira de Carlos segue a olhos vistos, pelo menos a olhos mais observadores. Ele, por exemplo, esquivou-se de comparecer hoje à comemoração, certamente por saber que Ana estaria presente. O religioso deve ter conhecimento de algo grave sobre ela, mas, por algum motivo, não deseja dar publicidade ao fato.


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CAPÍTULO 13
Uma nova realidade
(1999)

Afastada de Três Luzes há quase cinco anos, Cris reaparece sem aviso. Assombrada, ela não é capaz de assimilar a nova realidade que domina a cidade: não só o ex-namorado está noivo de Ana, a mulher que destruiu seu apaixonado romance em 1993, mas quase toda a cidade, incluindo sua própria família, transformou a forasteira em uma espécie de heroína local.

Márcia entrega a foto de 1963 à Cláudia, que puxa Ana para a igreja. Lá, Motta vê-se obrigado a fazer uma série de revelações, inclusive sobre o desconhecido pai de Ana.

Cris reencontra Jorge, rapaz que sempre nutriu uma paixão platônica por ela e amigo de infância de Carlos, o que iniciará uma era de trevas em Três Luzes.

TRECHO:
Quando algo a mortificava na adolescência, um belo descampado próximo ao Desvão do Amor era seu recanto preferido para refletir. Lá, uma alma perdida encontra conforto no céu estrelado, no suave sussurro da natureza, na grama macia, nas montanhas abarrotadas de pinheiros no horizonte e, em noites como a de hoje, na lua fulgente. Cris batizou o estado de imersão íntima alcançado naquele lugar de “doce misantropia”. Dona Gertrudes aprecia muito essa denominação poética e, ao ouvi-la, não necessita de mais palavras para compreender a condição espiritual da neta. Infelizmente, a efêmera solidão almejada por Cris nesta noite é fustigada por uma indesejada aparição.

– Ana? O que faz aqui?


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CAPÍTULO 14
A cerimônia de casamento
(1999)

Em toda a história de Três Luzes, nenhum evento jamais despertou tanto interesse quanto o casamento de Ana e Carlos. Uma multidão lota a igreja para assistir à cerimônia celebrada por padre Motta. Mas a missa nem de longe transcorre como em um sonho. Aturdida pelas revelações feitas pelo pároco durante a homilia, a plateia mal pode imaginar o “gran finale” que ainda virá.

TRECHO:
– Espero que meu sermão os tenha feito compreender o verdadeiro significado da palavra “amor”… Passemos, agora, à entrada das alianças.

Ao fazer o anúncio, um vulto irrompe do santuário. Muitos pensam tratar-se de um artifício cênico, mas não demoram a entender: a estranha aparição (…) não pode ser algo planejado pelos cerimonialistas, sempre em busca de inovações impactantes para valorizar os eventos sociais nesta era de modernidades. Cláudia, ainda abalada com a atitude insana de Motta, fica perplexa.


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CAPÍTULO 15
A última festa
(1999)

Em frenesi desde a cerimônia de casamento de Ana e Carlos, Três Luzes se prepara para a festa dos oitenta anos de Gertrudes. Pouco antes do evento, o delegado Irineu prenuncia uma tragédia que estaria por vir e aconselha Carlos a tomar cuidado. Cris e Jorge estariam unidos pela loucura e pela frustração, sendo prudente manter um afastamento de ambos.

A festa de Gertrudes lota e segue em clima de tensão velada. Ao final do evento, ódios reprimidos vêm à tona em um inesperado acerto de contas.

TRECHO:
– Veja só quem chegou, Motta – mostra Irineu.

– É Cris! – exclama o padre. – Como ela está… fulgurosa.

– Sim. E olhe como todos acompanham apalermados sua entrada.

– Inclusive meu douto marido… – debocha Clara, irritada.

Irineu não percebe a alfinetada da esposa e promove uma análise acerca dos supostos motivos de Cris:

– Ela calculou este momento. Ser a última a chegar é muito conveniente quando se quer fazer uma entrada triunfal. Cris sabe que seu nome está na boca de todos e aproveitou isso para se destacar em relação a Ana.

– Que bobagem é essa? – espanta-se Clara. – Você condena os fofoqueiros de plantão, mas parece uma “Maricota”.

– Não estou fofocando! – ele protesta, aborrecido. – Estou organizando ideias relacionadas a meu trabalho, pois carrego algumas suspeitas muito sérias…

– Pois se não parar de “trabalhar” agora mesmo, vai ficar sem companhia nesta festa – ameaça.


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CAPÍTULO 16
O desaparecimento
(2000)

Ana encontra a poesia que Carlos tentou entregar a Cris em 1993 e decifra seu significado. Pouco tempo depois, desaparece sem deixar rastro. Investigações policiais e particulares são infrutíferas.

Neste capítulo, o leitor entende os fatos que levaram Carlos para a prisão e o que realmente aconteceu na cela.

No hospital, falece aquele que poderia elucidar o desaparecimento de Ana.

TRECHO:
No fundo de uma gaveta, ela notou a ponta de um papel rosa. Possuída por enérgica intuição, puxou-o apressada, mas com desvelo. Sob algumas camisas, revelou-se um pequeno envelope lacrado com fita autoaderente, na qual também se prendia uma flor ressequida. Pela aparência, alguns talvez considerassem estar diante de uma margarida, mas Ana conhecia a espécie em suas mãos: tratava-se de um crisântemo. A tira adesiva nova indicava um manuseio recente do invólucro. Ela a puxou com extremo cuidado, procurando não ferir a frágil película ou o envelope. Seu coração pulsava forte ao término da delicada operação. Por fim, retirou o papel de carta e o desdobrou ansiosa. Como se tivesse descoberto um tesouro perdido, ecoou radiante:

– É a poesia! É a poesia!


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CAPÍTULO 17
A Colina dos Esquecidos
(2011)

Em meio a novas revelações, o leitor acompanha a obsessiva busca de Caio por sua mãe em um capítulo repleto de adrenalina. Ana estaria viva? Teria sido vítima de um crime? Se sim, qual seria o motivo? Algo na Colina dos Esquecidos poderia desvendar o desaparecimento?

TRECHO:
Irineu coloca o braço sobre o ombro do rapaz.

– Vamos, filho – chama com estima. – Nós fizemos tudo o que pudemos. Admiro sua lógica e determinação, mas infelizmente não obtivemos sucesso. Acontece… Mas você deve ficar orgulhoso de si mesmo…

– Não! – grita o jovem, soltando-se e interrompendo o discurso lenitivo. – Eu vou achar essa maldita saída! – brada, virando loucamente a lanterna de um lado para o outro.

Pesarosos, os subordinados encaram seu chefe. Ele gesticula com uma das mãos, pedindo para que aguardem Caio extravasar toda sua frustração. Em alguns segundos – no máximo, em míseros minutos – o rapaz será obrigado a admitir o equívoco de suas conclusões e desistir por ele mesmo da inútil busca. De fato, em menos de dois, ele abaixa a luz.

– Não é possível! – sussurra inconformado. Em seguida, ao mesmo tempo em que arremessa a lanterna com toda força, urra: – Maldição!

– Ouviram isso? – atenta Irineu, sob a forte reverberação provocada pela explosão de Caio.


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CAPÍTULO 18
Amante do Vento
(de 2011 à eternidade)

Segundo o autor, o melhor capítulo do livro. Imperdível e surpreendente.

TRECHO:
Eu tive sorte. Minha mente não vive nessa ilusão torturante. Sou livre, pois aprendi a distinguir o paraíso fantasioso do paraíso real.

É certo não deixar nossos sonhos se converterem em ilusões, mas também não devemos abandoná-los ao sabor da maré. Ao contrário, é necessário apontar-lhes o rumo em direção a destinos firmes e reais, ainda que tal travessia seja repleta de tempestades. Se alguns deles naufragarem no caminho, paciência. O importante é a consciência de tê-los dirigido com diligência e confiança. Eu denomino essa jornada de felicidade.

E, nessa trilha, os infortúnios familiares ocorridos há tempos assumiram nova feição. Antes, o assunto me incomodava. Hoje, vejo o quebra-cabeça dos acontecimentos como uma bênção, pois o repúdio a seu panorama sombrio me ajuda a não ser expulso do verdadeiro e único paraíso. Por isso, quando me perguntam como eu lido com os episódios nefastos dos quais fui personagem, em paz respondo: eles são fontes de ensinamento e guardiões de minha conduta. Nunca me deixarão ser escravizado.